SÃO PAULO – Se o aumento do risco fiscal e as preocupações com os impactos econômicos decorrentes da pandemia já mantinham um clima de tensão entre os investidores, a combinação de uma segunda onda de Covid-19, do resultado das eleições americanas, de um novo pacote de estímulos nos EUA e do noticiário político no Brasil promete agitar ainda mais os ânimos.
Na avaliação de Renato Chanes, analista da Santander Corretora, o inevitável esgotamento das medidas de estímulos, especialmente em um momento de segunda onda de contaminações pelo vírus nos Estados Unidos e na Europa, pode reduzir a magnitude da recuperação daqui para frente.
O movimento sugere menor apetite a risco e um ritmo de valorização menos intenso dos ativos financeiros.
No fronte doméstico, Fabio Perina, analista do Itaú BBA, afirma que devem repercutir as preocupações com o risco fiscal e o aumento da inflação em 2021, bem como os balanços corporativos do terceiro trimestre, em uma temporada de divulgação em curso.
Para o time de análise do BTG Pactual, embora as eleições municipais no Brasil possam não ser decisivas para a disputa presidencial de 2022, o processo por si só continuará a impedir o Congresso de avançar com uma agenda de reformas “extremamente necessária”, incluindo a decisão sobre como financiar um novo programa social.
As preferidas para o mês
Com um horizonte ainda muito incerto, a preferência de analistas de 11 corretoras consultadas pelo InfoMoney recai sobre companhias expostas ao dólar e que se beneficiem do preço do minério de ferro, como Vale e Gerdau.
Sem novos entrantes na carteira em relação ao mês anterior, apenas com a saída de Marfrig entre as preferidas, o setor financeiro também mantém grande participação na seleção, com dois bancos (Bradesco e Banco do Brasil) e as ações da B3.
A carteira compilada pelo InfoMoney é divulgada no início de cada mês e seleciona os cinco nomes mais recomendados pelas casas de análise consultadas. O número de indicações pode ser maior, se houver empate, caso deste mês.
Confira a seguir as ações mais recomendadas para novembro, o número de indicações e seu desempenho no ano:
Empresa | Ticker | Número de recomendações* | Retorno em 2020** |
Vale | VALE3 | 9 | +18,35% |
B3 | B3SA3 | 7 | +23,76% |
Bradesco | BBDC4 | 5 | -38,06% |
Petrobras | PETR4 | 5 | -37,24% |
Banco do Brasil | BBAS3 | 4 | -41,82% |
Gerdau | GGBR4 | 4 | +9,24% |
Hapvida | HAPV3 | 4 | +1,23% |
Via Varejo | VVAR3 | 4 | +53,63% |
Ibovespa | – | – | -18,76% |
*Indicações compiladas das carteiras de ações de Ágora, Ativa, BB Investimentos, BTG Pactual, Elite, Genial, Guide, Necton, Santander Corretora, Socopa e XP Investimentos.
**Até 30/10/2020.
Fonte: Economatica
Vale (VALE3)
Pelo sétimo mês consecutivo, Vale é a companhia preferida dos analistas para investir em novembro, com nove recomendações.
A expectativa por bons resultados da companhia é motivada, segundo a Elite Investimentos, pela desvalorização do câmbio, pela retomada da política de dividendos e pela manutenção da forte demanda da China, que sustenta os preços do minério acima dos US$ 100.
Nesta quarta-feira, o contrato mais negociado do minério de ferro na bolsa de Dalian, com vencimento em janeiro de 2021, fechou com queda de 0,6%, cotado a 792 iuanes, o equivalente a US$ 118,6 a tonelada.
O time de análise da Ágora, por sua vez, diz ver a mineradora bem posicionada para fechar lacunas existentes em diferentes frentes, o que deve impulsionar uma melhor precificação em relação a pares australianos.
Segundo os analistas, no curto e no médio prazo, a companhia deve se beneficiar do aumento da produção de minério de ferro, enquanto, em um horizonte mais longo, a Vale deverá ter maiores flexibilidade operacional e exposição a produtos de minério de ferro de alto teor, cuja demanda deve ser impulsionada por uma economia de baixo carbono.
B3 (B3SA3)
Também figurinha repetida na carteira compilada pelo InfoMoney, os papéis da B3 contam com sete menções.
Em relatório, a Elite Investimentos se diz confiante com a continuidade do desempenho da Bolsa brasileira em um cenário de juros na mínima histórica e maior participação dos investidores de varejo.
Os analistas destacam ainda a liberação da negociação de BDRS (Brazilian Depositary Receipt), que “certamente será mais uma interessante opção para o investidor continuar aportando seus recursos no mercado acionário”.
A avaliação é compartilhada pela Ágora Investimentos, que escreve que a participação crescente de investidores pessoas físicas e uma atividade aquecida do mercado de capitais devem se traduzir em valorização das ações da B3.
Bradesco (BBDC4)
Assim como no mês anterior, Bradesco ficou em terceiro lugar entre os papéis mais recomendados, com cinco menções.
Segundo o time de análise da Socopa, o banco está bem posicionado para se beneficiar de uma recuperação da economia local por possuir um capital saudável, inadimplência e cobertura de juros em níveis adequados, além de um retorno sobre o patrimônio (ROE) do segmento de crédito elevado.
“Com volumes de crédito começando a exibir melhoras, entendemos que o banco possa retornar a um ROE de 20% nos próximos 12, 18 meses”, escrevem os analistas.
Com preço-alvo de R$ 35,00, a Santander Corretora avalia que o Bradesco apresentou sólidas tendências operacionais no terceiro trimestre, com forte redução na provisão, recuperação consistente de tarifas e custos sob controle.
Entre os principais direcionadores para os papéis, os analistas citam as decisões favoráveis ao setor em projetos relacionados a tributação e taxas de juros atualmente em discussão no Congresso, bem como uma retomada da economia mais rápida que o esperado.
Petrobras (PETR4)
Com cinco menções para novembro, as ações preferenciais da Petrobras são novidade na carteira da Necton, que espera números mais sólidos para a companhia nos próximos anos, com ganho de rentabilidade e redução da alavancagem financeira.
O time de análise da Socopa, por sua vez, afirma que a empresa continuará reportando melhora do seu resultado operacional, diante da melhor disciplina na alocação de capital e recuperação dos preços do petróleo no mercado internacional.
Para o BTG Pactual, após a petroleira adicionar mais flexibilidade à sua política de dividendos e com uma dívida bruta já em US$ 80 bilhões, a avaliação é de que a Petrobras tende a aumentar o pagamento de dividendos mais cedo que o esperado. “PETR é a história de proposição de valor mais assimétrica dentro do universo de empresas que cobrimos”, escrevem.
Banco do Brasil (BBAS3)
Em novembro, Banco do Brasil recebeu quatro recomendações, sendo uma delas da XP Investimentos.
De acordo com os analistas da casa, a recomendação de compra se deve a uma carteira de crédito mais defensiva do banco, com mais de 40% do portfólio nos segmentos de agronegócio e consignado.
O time de análise cita ainda o valuation descontado e o possível beneficiamento de fatores não dependentes da economia, como redução de provisões operacionais e custo de captação mais barato via depósitos judiciais.
De acordo com a Elite Investimentos, os múltiplos atraentes do banco em relação a pares, assim como o retorno do pagamento de dividendos, justificam a manutenção dos papéis no portfólio.
Os analistas também afirmam que a estreia do meio de pagamento PIX pode gerar vantagens aos bancos, como economia com transporte e guarda de valores, ao reduzir o uso de papel moeda, além de proporcionar novas oportunidades aos clientes que optarem pelo PIX como meio de pagamento/recebimento.
“É uma oportunidade de atrair potenciais clientes que hoje são desbancarizados e ofertar produtos e serviços complementares ao PIX, como cartão de crédito e financiamentos”, escrevem.
Gerdau (GGBR4)
Impulsionadas pela retomada do setor de construção civil, as ações da Gerdau subiram 4,9% em outubro e foram recomendadas por quatro casas de análise.
Na avaliação da Ativa Investimentos, que manteve sua recomendação de compra, há grandes oportunidades para a empresa, uma vez que os mercados de construção civil no Brasil e nos Estados Unidos têm se mostrado menos afetados pela pandemia que o previsto.
Os analistas destacam ainda a resiliência, sobretudo na operação nacional da companhia, que demostra que a Gerdau “tem se adequado às necessidades requeridas para o momento”.
Em relatório, o BTG Pactual diz ver uma expansão do mercado brasileiro de aços longos e a companhia ganhando participação de mercado, devido ao seu forte posicionamento no segmento de varejo de construção.
Hapvida (HAPV3)
Assim como em outubro, a operadora de planos de saúde Hapvida, com atuação principal nas regiões Norte e Nordeste do país, recebeu quatro recomendações para este mês.
Segundo a Necton, a principal vantagem competitiva da companhia recai sobre as unidades próprias de atendimento, com 220 unidades dentre hospitais, pronto atendimentos, clínicas e laboratórios.
Os analistas também chamam atenção para as diversas aquisições da companhia desde o IPO, em 2018, que contribuem para o crescimento da empresa. É o caso do Grupo São José, adquirido em julho deste ano, do Grupo Santa Filomena e da carteira de beneficiários Plamheg, os dois últimos comprados em setembro.
Via Varejo (VVAR3)
Também com quatro menções para este mês, Via Varejo faz parte da carteira recomendada da Santander Corretora, que ampliou a exposição do portfólio ao papel devido à visão de maiores oportunidades de crescimento (de receita, margens e lucro).
Na avaliação dos analistas, a sinalização de continuidade do ritmo do e-commerce no terceiro trimestre deste ano deve alimentar as expectativas dos investidores para o segundo semestre, principalmente considerando a fraca base de comparação (de 2019 em relação a 2018).
O time de análise da XP, por sua vez, espera a manutenção de forte tendência de crescimento do segmento nos próximos trimestres, com datas como “Black Friday” e as festas de fim de ano atuando como catalisadoras importantes de expansão das margens.
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