SÃO PAULO – As taxas dos títulos públicos negociados pelo programa Tesouro Direto operavam em alta na volta do mercado local após o feriado de Finados, em especial os prefixados, com o investidor atento principalmente aos resultados da eleição presidencial americana nesta terça-feira (3).
O título prefixado com vencimento em 2023 pagava uma taxa anual de 5,30% nesta tarde, ante 5,20% ao ano na sexta-feira (30). O juro pago pelo mesmo papel com prazo em 2026, por sua vez, subia de 7,45% para 7,51% ao ano.
Entre os títulos indexados à inflação, o com prazo em 2026 oferecia um prêmio anual de 3,06%, frente à taxa de 3,04% anteriormente. Já o prêmio do Tesouro IPCA+ com juros semestrais 2040 era de 4,14%, ante 4,13% ao ano no último pregão.
Confira os preços e as taxas dos títulos públicos nesta terça-feira (3):
IPCA acima de 3% em 2020
Entre os destaques domésticos do dia, o boletim Focus divulgado pelo Banco Central (BC) nesta manhã revelou que a projeção dos economistas para a inflação medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo em 2020 subiu pela 12ª semana seguida, desta vez de 2,99% para 3,02%.
Em 10 de agosto, antes da primeira elevação na estimativa, a projeção era de alta de 1,63%.
Com o avanço das expectativas para a inflação, a maior parte do mercado financeiro vê a possibilidade de um aumento da Selic no próximo ano.
Na semana passada, o Comitê de Política Monetária (Copom) manteve a taxa básica de juros inalterada em 2% ao ano, conforme amplamente esperado pelo mercado financeiro.
Na ata da reunião, publicada nesta manhã, a autoridade monetária reforçou que segue apenas monitorando o movimento de alta da inflação, sendo que existem fatores de risco para ambas as direções. “Apesar da pressão inflacionária mais forte no curto prazo, o Comitê mantém o diagnóstico de que esse choque é temporário, mas monitora sua evolução com atenção”, diz a nota.
Em Brasília, ainda sem consenso, o projeto que dá autonomia ao BC pode ser votado ainda nesta terça. O presidente do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP), convocou sessão deliberativa remota às 16h para debater três projetos, entre eles o que estabelece autonomia formal para os diretores da autoridade monetária, um assunto que é discutido há três décadas, sem avanços.
Os investidores também repercutiram as falas do presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ) que afirmou que não vê um plano claro do governo quanto à crise econômica e fiscal, e não vê perspectiva de aprovação de cortes de gastos ou reforma fiscal neste ano durante live do jornal Valor Econômico na segunda-feira (2). O ministro da Economia Paulo Guedes seria o único defensor do teto de gastos no governo, disse ele.
EUA vão às urnas
Na cena externa, todas as atenções do mercado global se voltaram nesta terça-feira para as eleições nos EUA.
Visto como mais moderado que o republicano Donald Trump, inclusive na disputa com a China, Joe Biden lidera as pesquisas, mas ainda persistem incertezas sobre estados-chave e o risco de o resultado ser contestado.
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Durante a campanha, o presidente Trump levantou repetidas vezes preocupações quanto à autenticidade dos votos enviados pelo correio. No domingo, afirmou que os resultados deveriam ser divulgados nesta terça, “e não semanas depois”.
Normalmente, os resultados americanos são contabilizados até a madrugada do dia seguinte. Por isso, há temor de que o presidente esteja se preparando para questioná-los, em caso de derrota.
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