Por causa da pandemia da Covid-19, o governo federal terá um “choque brutal” na arrecadação em 2020. Está é a avaliação de relatório da Instituição Fiscal Independente, ligada ao Senado Federal, que foi divulgado nesta segunda-feira, 19. Em relação à previsão inicial, a queda deve ser de 12%, o que corresponde a aproximadamente R$ 198 bilhões. O diretor-executivo da IFI, Felipe Salto, ressalta que o relatório é um alerta. “Neste ano de 2020, o governo ganhou uma espécie de carta branca para poder fazer despesas extras, o que foi correto para combater a crise da Covid-19, uma crise de saúde. Porém, a partir do ano que vem, será preciso mostrar como as contas públicas vão voltar ao rumo da responsabilidade fiscal”, avalia.
O resultado estimado pela IFI pode ser ainda pior, porque o cálculo atual considera que todos os tributos serão pagos ainda em 2020, o que, na prática, não deve ocorrer. Também é possível que a retirada dos estímulos, como o auxílio emergencial, afete a recuperação da economia, o que teria efeitos sobre a arrecadação. A economista Milla Maia destaca que os investidores estão de olho na capacidade do Brasil de pagar a sua dívida. “Aumentando essa nossa dívida pública pode fazer com que a gente caia ainda neste ranking, levando os outros países e os investidores estrangeiros a tirarem o dinheiro do nosso país, aumentando o nosso dólar e afetando toda a credibilidade do país”, pontua. Segundo o relatório, a dívida pública encerrou agosto em 88,8% do Produto Interno Bruto (PIB), que é a soma de todas as riquezas produzidas no país. Até o fim do ano, o endividamento deverá atingir 96,1% do PIB brasileiro.
*Com informações do repórter Afonso Marangoni