Em duas semanas, governo colheu resultados amargos na economia

Pior arrecadação federal em 10 anos, rombo recorde das contas públicas e sétimo ano seguido do país no vermelho. As duas últimas semanas foram de resultados amargos para a equipe do ministro da Economia, Paulo Guedes.

A aposta do governo é que a recuperação fiscal venha de medidas e reformas aprovadas pelo Congresso – que elege nesta segunda-feira (1º/2) os novos presidentes da Câmara e do Senado – e da imunização em massa contra a Covid-19.

O ministro comentou os resultados da economia em coletivas durante a semana. Para Guedes, os números refletem a crise na saúde pública e, apesar de serem negativos, foram “melhores do que o esperado”. Os indicadores, no diagnóstico do ministro da Economia, vão melhorar com a imunização dos brasileiros. “A vacinação em massa é decisiva e um fator crítico de sucesso para o desempenho da economia logo à frente”, disse ele na segunda-feira (25/1) quando foi em entrevista à imprensa quando comentou o resultado da arrecadação de impostos de 2020, o pior resultado em 10 anos.

Sobre o resultado do emprego, o ministro afirmou na quinta-feira (28/1) que o país estava registrando “a menor perda de vagas desde 1995” ao se referir ao fechamento de 67 mil postos de trabalho em dezembro de 2020. Na ocasião, o ministro sustentou que, se não fossem as medidas tomadas pelo governo para preservar os empregos, o número seria muito maior. O Brasil fechou 2020 com saldo de 142.690 postos de trabalho com carteira assinada.

Apesar do otimismo do ministro, economistas ouvidos pelo Metrópoles reconheceram que os números foram impactados pela pandemia, mas cobram do governo medidas que ajudem a retomar a atividade econômica. “Se de um lado os empresários seguem otimistas com o futuro e suas expectativas se ancoram na perspectiva de dias melhores seja por conta da vacina, seja por conta de uma prometida continuidade nos ajustes econômicos, seja porque simplesmente não acreditam que não dá para piorar, por outro lado sabemos que de boas intenções o inferno está cheio”, disse André Perfeito, economista-chefe da Nécton, cobrando reformas, como a tributária.

“O fundamental, neste momento, é que o governo sinalize para um reequilíbrio das contas públicas a médio prazo. Em 2021, o déficit será menor do que em 2021, mas ainda bastante expressivo. Estimo, preliminarmente, algo acima de R$ 300 bilhões para o ano”, afirmou o economista Felipe Salto, em sua conta no Twitter ao analisar o resultado do Produto Interno Bruto (PIB).

Confira os principais indicadores econômicos no país divulgados nas últimas semanas:

Governo central registra rombo recorde de R$ 743 bi nas contas públicas

O governo central – composto pelo Tesouro Nacional, Banco Central e Previdência Social – divulgou nessa quinta-feira (28/1) que houve um rombo nas contas públicas de R$ 743 bilhões. O valor, que corresponde a 10% do Produto Interno Bruto (PIB), é o pior da série histórica, iniciada em 1991.

O déficit em dezembro foi de R$ 44,113 bilhões, o pior cenário para um dezembro desde 2016.

Arrecadação federal soma R$ 1,479 trilhão; pior resultado em 10 anos

A pandemia da Covid-19 provocou o pior resultado na última década para arrecadação de impostos pelo governo federal. Segundo dados divulgados pela Receita na última segunda-feira (25/1), a arrecadação no ano passado foi de R$ 1,479 trilhão. O valor representa uma queda de 6,91% em comparação ao registrado em 2019 (R$ 1,639 trilhão).

Com pandemia e dólar alto, gasto de brasileiros no exterior é o menor em 15 anos

O registro das despesas dos brasileiros no exterior no ano passado, quando começou a pandemia do novo coronavírus, foi o menor em 15 anos. Relatório do Banco Central divulgado nessa quarta-feira (27/1) revela que, em 2020, turistas brasileiros gastaram em viagens para fora do país aproximadamente R$ 29 bilhões (US$ 5,394 bilhões), ante cerca de R$ 94 bilhões (US$ 17,593 bilhões) computados no ano anterior, o que representa queda de 69,3%.

Pandemia faz contas externas fecharem com menor resultado em 11 anos

O Banco Central (BC) registrou nessa quarta-feira (27/1) mais um indicador que revela como a pandemia da Covid-19 afetou a Economia do País no ano passado. Desta vez, os investimentos estrangeiros apresentaram uma queda de 50,6% em relação a 2019. É o pior resultado em 11 anos. Enquanto em 2020, os investimentos estrangeiros somaram US$ 34,167 bilhões; no ano anterior, eles somaram US$ 69,174 bilhões.

Rombo recorde faz dívida pública saltar 17,9% em 2020, para R$ 5,009 trilhões

O Tesouro Nacional divulgou nessa quarta-feira (27/1) o resultado da dívida pública federal de 2020, que fechou em R$ 5,009 trilhões. O dado foi influenciado pela necessidade de cobrir os custos extras com a pandemia da Covid-19, que provocou um rombo recorde nas contas públicas.

Desemprego tem o pior desempenho no mês de novembro desde 2012

Sob os efeitos da pandemia da Covid-19, o desemprego afetou 14 milhões de brasileiros no trimestre encerrado em novembro de 2020, revelam os dados divulgados nessa quinta-feira (28/1) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O órgão informou que o número foi o mais alto para o período desde o início da série histórica da pesquisa, em 2012.

 

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