Processo começa nesta quarta (7), com votações secretas na Capela Sistina. Vaticano finaliza preparativos e expectativa cresce entre fiéis em todo o mundo.
O Vaticano confirmou nesta segunda-feira (5) que os 133 cardeais eleitores que participarão do conclave já estão em Roma. O grupo será responsável por escolher o sucessor do papa Francisco, que renunciou ao pontificado.
A eleição será realizada a portas fechadas na Capela Sistina a partir das 16h30 (horário local, 11h30 de Brasília) desta quarta-feira (7). As votações seguirão até que um dos cardeais atinja a maioria qualificada de dois terços – ou seja, 89 votos – para se tornar o novo líder espiritual de mais de 1,4 bilhão de católicos.
Enquanto os cardeais se reúnem sob os afrescos de Michelangelo, fiéis na Praça São Pedro e milhões de pessoas ao redor do mundo acompanharão ansiosamente o famoso sinal de fumaça. A fumaça preta indica que não houve consenso; a branca anuncia: “Habemus Papam”.
Corrida sem campanha
Embora não haja candidatos oficiais, nomes como os italianos Pietro Parolin e Pierbattista Pizzaballa, o maltês Mario Grech, o francês Jean-Marc Aveline e o filipino Luis Antonio Tagle aparecem entre os mais cotados. Mas no Vaticano vale a máxima: “Quem entra papa, sai cardeal”.
Cardeais evitam falar em disputas internas. “Ninguém está fazendo campanha, por Deus!”, declarou o cardeal Timothy Dolan, de Nova York. “É natural que se comentem nomes, mas isso está longe de ser politicagem”.
Um conclave mais diverso
Francisco moldou boa parte do colégio atual: a maioria dos cardeais eleitores foi nomeada por ele. Muitos vêm de regiões periféricas e antes pouco representadas, como África, América Latina e Ásia. Ao todo, são representantes de 70 países, o que torna este o conclave mais internacional da história da Igreja.
“A diversidade é impressionante”, afirmou o cardeal chileno Fernando Chomalí. “É bonito ver cardeais da Mongólia, da África, da América Latina. Isso também é herança de Francisco”.
Preparativos finais no Vaticano
As cortinas vermelhas já foram colocadas na varanda central da Basílica de São Pedro, de onde o novo papa fará sua primeira aparição. Ao mesmo tempo, a Capela Sistina está sendo adaptada para receber as votações, com controle rígido: nada de celulares, internet ou contato com o exterior.
Durante o conclave, serão realizadas até quatro votações por dia – duas pela manhã e duas à tarde – com exceção da primeira sessão, que terá apenas uma. As cédulas serão queimadas ao final de cada rodada, gerando a fumaça que indica ao mundo o andamento da escolha.
Esperança e expectativa
Fiéis e religiosos expressam o desejo por um pontífice que mantenha os princípios de Francisco. “Espero alguém mais voltado aos pobres”, disse a turista mexicana María de los Ángeles Pérez. Já o alemão Aurelius Lie espera que o novo papa “não seja conservador demais” e que mantenha distância de figuras políticas polarizadoras.
Para o padre canadense Justin Pulikunnel, a prioridade é que o novo pontífice seja uma “fonte de unidade” após anos de divisões internas.