Lucas Castro, Chief Revenue Officer da Boavista, referência em soluções automatizadas de conciliação financeira
O varejo brasileiro enfrenta um novo desafio estratégico com as intensas transformações nos meios de pagamento e a reforma tributária. O avanço dos pagamentos digitais, as novas regulações do Banco Central e as diretrizes da reforma fiscal impõem exigências inéditas às empresas: agilidade, precisão e inteligência na gestão financeira.
A fragmentação dos meios de pagamento exige um nível de controle cada vez maior. Cartões, Pix, wallets digitais, crediários e novas fintechs alteram os fluxos de recebíveis, tornando a conciliação financeira essencial para evitar perdas e garantir previsibilidade no caixa das empresas.
Além disso, a atuação do Banco Central, com iniciativas como Open Finance e ajustes na liquidação de recebíveis, redefine a relação entre o varejo e o sistema financeiro. A conciliação deixa de ser uma mera atividade operacional e passa a ser um diferencial competitivo.
Já a reforma tributária, com a criação do IBS e da CBS, adiciona uma camada adicional de complexidade, exigindo mudanças nos processos internos das empresas e na apuração dos tributos. O varejo precisará se adaptar rapidamente para evitar riscos fiscais e garantir conformidade em um ambiente de fiscalização digital. Abaixo algumas sugestões para o varejo evoluir:
1. Automação de Processos
O tempo da conciliação manual acabou. É fundamental adotar plataformas tecnológicas que integrem adquirentes, POS, gateways, ERPs e bancos e que façam a conciliação de maneira automática, gerando alertas de divergência em tempo real. Além da automação, a inteligência analítica também passa a ser necessária: o sistema precisa não apenas apontar diferenças, mas sugerir causas e ações corretivas.
2. Gestão Integrada de Recebíveis
Cada vez mais, a conciliação precisa conversar diretamente com a estratégia de gestão de recebíveis da companhia. Entender antecipações, garantias, cessões fiduciárias e fluxos futuros se torna parte do dia a dia do financeiro, e não mais uma atividade separada. As soluções de conciliação devem permitir visualizar o impacto financeiro de cada operação.
3. Atualização contínua frente às mudanças regulatórias
Com a velocidade das mudanças promovidas pelo BACEN e pela legislação tributária, a atualização constante é mandatória. Isso envolve capacitar as equipes internas, acompanhar publicações oficiais, participar de fóruns de mercado e, sempre que possível, buscar o suporte de consultorias especializadas. A conciliação será, cada vez mais, também uma conciliação regulatória: estar em dia com o que muda e adequar rapidamente os processos internos.
4. Visão independente do processo de conciliação
Por fim, é preciso confiar no processo. Empresas que fazem o processo de maneira séria tratarão a conciliação como um processo-chave e independente, garantindo não apenas a correta conciliação dos recebíveis, mas também a auditoria das operações financeiras. A conciliação se torna, assim, uma ferramenta estratégica para proteger resultados, liberar capital de giro, melhorar margens, ampliar a capacidade de reinvestimento e otimizar a tomada de crédito.
A conciliação financeira não é mais uma atividade de backoffice. Ela se tornou parte fundamental da estratégia de negócios.
A diversidade dos meios de pagamento, as inovações do Banco Central e a reforma tributária trouxeram enormes desafios, mas também abriram espaço para um varejo mais eficiente, inteligente e competitivo. Transformar a conciliação em um diferencial estratégico é essencial para prosperar nesse novo mercado.
As empresas que entenderem isso cedo e investirem na automação, integração e inteligência de seus processos estarão à frente. Não apenas para sobreviver às mudanças, mas para liderar o futuro.